Os produtores agrícolas querem cultivar cânhamo nos Açores, alegando que esta cultura será uma “mais valia” para a agricultura regional.
“É uma cultura que irá beneficiar os solos da nossa Região. Como associação, também é da nossa competência informar os nossos produtores de novas culturas”, salienta o responsável pela Terra Verde – Associação de Produtores Agrícolas dos Açores. Manuel Ledo explica que a mesma linha de investimento e formação em novas culturas já aconteceu na Região em relação aos cogumelos, espargos, café e tabaco.
No arquipélago não há ainda produção oficial de cânhamo, uma das variantes da canábis sativa que, pelas suas características ecológicas, tem diversas aplicações associadas, por exemplo, à medicina, cosmética, construção civil, indústria têxtil e nutrição animal.
Muito cultivado em várias partes do mundo, inclusive na Europa – a União Europeia legalizou a cultura, não a conotando com substância psicotrópica -, a verdade é que o cânhamo ainda levanta dúvidas por ter uma pequena percentagem da referida substância.
Para esclarecer quaisquer dúvidas, será realizado a 3 de outubro, na Ribeira Grande, um congresso internacional sobre produção e transformação de cânhamo, uma iniciativa acarinhada pela professora universitária Graça Castanho, da empresa Neuron Bonus, promotora do evento, em parceria com a Associação Agrícola de São Miguel, Terra Verde – Associação de Produtores Agrícolas dos Açores e a Associação de Comerciantes de Cânhamo Industrial. O evento, com participantes de dentro e fora do país, contará com um “chef” canadiano, de origem açoriana, que irá confecionar um prato com base em cânhamo.
Para se perceber o caminho que deverá ser trilhado futuramente, a seguir ao referido congresso, será pedido um estudo à Universidade dos Açores para se identificar as vantagens da produção na Região. O grande objetivo é “vender o produto com melhor qualidade do que noutros países”.
Manuel Ledo sublinha que, quanto à produção de cânhamo nos Açores, o que se pretende é enveredar pelo caminho da qualidade e diferenciação, tirando-se partido da qualidade dos solos e do clima das ilhas.
O cânhamo tem a vantagem acrescida de ser uma planta natural que precisa de pouca água para se desenvolver rapidamente, desinfetando os solos de metais pesados e fazendo as rotações da própria cultura.
Paulo Faustino