Os Açores vão ser palco de um congresso internacional sobre produção e transformação de cânhamo, em outubro, na Ribeira Grande, iniciativa que os produtores agrícolas da ilha de São Miguel veem como uma “oportunidade” em termos de produção industrial.
A professora universitária Graça Castanho, da empresa Neuron Bonus, promotora do evento, em parceria com a Associação Agrícola de São Miguel, Terra Verde – Associação de Produtores Agrícolas dos Açores e a Associação de Comerciantes de Cânhamo Industrial, destacou a “predominância que o cânhamo está a assumir em termos de produção agrícola pelo mundo fora”.
A empresária, que destacou as “aplicações económicas imensas” do produto, como na construção civil, através do betão, bem como em termos medicinais, referiu que pretende-se com a iniciativa “desmistificar” as dúvidas existentes sobre esta planta natural. Segundo referiu, o Tribunal de Justiça da União Europeia já deixou claro que esta “não é uma substância psicotrópica” e “não constitui qualquer problema para a saúde pública”.
Graça Castanho disse que o evento vai contar com participantes de Portugal, Angola, Cabo Verde, Estados Unidos, Canadá e Itália, sendo que um “chef” canadiano, de origem açoriana, irá confecionar um prato com base nesta planta natural para os congressistas. Manuel Ledo, da Associação Terra Verde, considerou que a produção de cânhamo “vai dar oportunidade aos produtores de poderem fazer as chamadas rotações da própria cultura”, já que esta é “pouco exigente em água”, desinfetando os solos de metais pesados, para além de “crescer rapidamente”. “É uma oportunidade que nós produtores temos para ter uma cultura industrial”, referiu, Manuel Ledo, salvaguardando que “na agricultura não há nenhuma fábrica”.
A Terra Verde vai solicitar, entretanto, à Universidade dos Açores, um estudo para identificar as eventuais mais valias desta produção.